domingo, 4 de maio de 2008

SET

O sorriso de Tom Cruise é irritante. É como uma máscara que o astro veste quando precisa aparecer em público e, principalmente, enquanto "trabalha", vendendo seus filmes para a imprensa. Em dezembro de 2003, durante a primeira rodada de divulgação de O Último Samurai, o "sorriso Cruise" já engatou uma quinta, acompanhado de gargalhadas e de um curioso movimento capilar. É quando SET pergunta ao astro sobre seu suposto envolvimento com um projeto que, aos poucos, toma fôlego na Marvel: Homem de Ferro. No fim de 2003, a editora/produtora já emplacara uma série de sucesso (X-Men) e preparava-se para solidificar sua posição com um dos melhores filmes de 2004 (Homem-Aranha 2). De repente, a indústria do cinema começa a perceber que filmes baseados em herois de quadrinhos não são uma moda, e sim uma realidade extremamente lucrative.Cruise, claro, não tem a menor intenção de ficar fora desta, e enquanto conversamos sobre o que poderia ser "o melhor filme de espionagem de todos os tempos", com agências secretas do governo Americano, um industrial milionário com o coração defeituoso e a arma mais avançada já criada pelo homem, sua empolgação deixa de parecer ensaiada e passa a ser genuína. Vinte minutos de conversa profissional tornam-se quase duas horas de bate-papo nerd. Nos últimos anos, com saltos sobre sofás, maluquices em torno da cientologia e um passaporte perene nas revistas de celebridades, Tom ficou menos astro e mais caricatura. Mas eu nunca mais duvidei do "sorriso Cruise"."Lembro de ter lido sobre Tom há alguns anos", diverte-se Kevin Feige, atual manda-chuva da Marvel no cinema. De fato houve uma tentativa de pensar neste filmes com ele, mas terminou não passando disso." O que é um alívio, já que o projeto para levar Homem de Ferro ao cinema estava, digamos, precisando de um upgrade para funcionar.Os direitos do personagem na época eram da New Line (que também tinha em mãos carta branca para realizar um filme-solo com Venom, inimigo do Homem-Aranha), e o roteiro, que envolvia alta espionagem, estrutura ao estilo James Bond e uma luta do filho contra o pai que espelhava a trama de Hulk, era um equívoco só. Paciência, nesse caso, foi a melhor das virtudes. Em 2005 os direitos de produzir uma aventura do Vingador Dourado voltaram para a Marvel, que então já finalizava o acordo com um fundo de investimentos para alçar vôo solo, produzindo seus próprios filmes (que seriam distribuídos pela Paramount). Suas "criações", no entanto, estavam espalhadas por outros quintais: Sony (Homem-Aranha, Motoqueiro Fantasma), Fox (X-Men, Quarteto Fantástico, Demolidor) e Universal (Hulk, Namor). Para dar início à nova "era Marvel" nos cinemas, Feige e o então presidente do estúdio, Avi Arad, escolheram um peso-pesado que gozava de certa notoriedade fora dos gibis graças ao desenho "inanimado" dos anos 60 e de uma linha de brinquedos baseada em outra animação nos anos 90: o Homem de Ferro.
MARK I: CONSTRUINDO UM HERÓIQuando a Marvel abriu as portas no começo dos anos, foi um verdadeiro dilúvio de idéias, conceitos e criatividade. Na linha de frente estavam Stan Lee, Jack Kirby e Steve Ditko, força-motriz por trás de dezenas de criações como Hulk, Homem-Aranha, X-Men, Quarteto Fantástico, Demolidor - era como se eles estivessem planejando o futuro em massa de Hollywood. Homem de Ferro, colaboração de Lee, Larry Lieber e Don Heck, ganharia vida em 1963, na edição 39 de Tales of Suspense. Cria da Guerra Fria, ele trazia a marca da tragédia que caracterizava os personagens da Marvel. Tony Stark, inventor que fez sua fortuna com contratos militares, é levado ao Vietnã para demonstrar o poder de seus transistors, capazes de ampliar a força de qualquer armamento em dezenas de vezes. Capturado numa emboscada e ordenado a construir uma arma para um líder vietcongue, ele termina criando uma armadura para manter estilhaços de granada fora de seu coração, ao mesmo tempo em que torna-se poderoso o suficiente para escapar. Em meio ao conflito, nasce um heroi, o Homem de Ferro.Embora este conceito básico tenha sido atualizado - primeiro, para a Guerra do Golfo; atualmente, o catalizador foram terroristas afegãos, premissa carregada para o novo filme - o Homem de Ferro permaneceu com a mesma essência, a de um homem cuja mente trabalha numa velocidade à frenrte de seus pares, um futurista que inventa soluções para problemas que ainda não existem. Em mais de quatro décadas, Stark abraçou novos desafios - o alcoolismo, a tomada violenta de suas empresas, a morte de aliados e a perda constante de sua identidade - e sempre adaptou-se a cada um deles, resultando também na criacão de dezenas de armaduras diferentes, cada uma adeqüada à época de suas aventuras Ainda assim, sua transposição para o cinema seria impossível até pelo menos uma década atrás, já que a simples tradução de sua armadura para um mundo tridimensional requeria tecnologia que sequer existia. A paciência é, de fato, uma virtude.Os primórdios da produção de Homem de Ferro datam de 1990, quando Hollywood ainda digeria o sucesso de Batman, de Tim Burton, lançado no ano anterior - o que fez com que todo personagem de gibis se tornasse um filme em potencial. A Universal adquiriu os direitos do herói, que seis anos depois foram para a Fox e, em seguida, para a New Line. A Marvel, no fim dos anos 80, enfrentava uma crise que culminaria num pedido de falência, e o cuidado com seus "produtos" não era exatamente a ordem do dia. Assim que o estúdio readquiriu o personagem para os cinemas - em 2006, mesma época em que fechava o acordo multimilionário que o deixaria agir independentemente em Hollywood - Homem de Ferro tornou-se prioridade. "Esse momento é a culminação de oito anos de trabalho árduo, desde que colocamos X-Men no cinema", orgulha-se Kevin Feige. "A Marvel se tornou dona do próprio nariz há quatro, mas parece que foi ontem que começamos a falar sobre Homem de Ferro.""O presidente do estúdio conversou com SET em Los Angeles no começo de março, e estava de partida para o Rancho Skywalker, onde o diretor Jon Favreu corrigia som, música e efeitos para o lançamento do filme, no fim deste mês. "Pena que você não possa ir junto", completa Feige, com uma risada cruel.
MARK II: NOS PASSOS DE HOWARD HUGHESApesar dos anos em desenvolvimento, a Marvel decidiu recomeçar Homem de Ferro do zero, sem utilizar uma linha dos roteiros escritos até então. No começo de 2006, o ator Jon Favreau, que havia trabalhado com o estúdio em Demolidor (no papel do parceiro de Matt Murdock, Franklin Nelson), topou o desafio de dirigir a produção - até então, seus créditos atrás das cameras eram a comédia Made, a fantasia Um Duende em Nova York e a aventura juvenil Zathura. Aos poucos ele selecionou um elenco inusitado (veja aqui), encabeçado por uma escolha incomum para protagonizar um blockbuster de verão: Robert Downey Jr.. "Eu achei que encontraria resistência ao escolher Robert", disse Favreu quando SET visitou as filmagens de Homem de Ferro, na Califórnia, um contraponto ao clima urbano de Nova York mostrado em quase todos os outros filmes da Marvel. "Até por parte dele. Mas descobrimos que ninguém mais estaria tão à vontade, tão equilibrado como um sujeito que ganha uma segunda chance na vida. Na verdade, é uma escolha perfeita."O quartel-gerenal de Homem de Ferro foi construído nos galpões que, décadas antes, haviam abrigado a empresa do milionário e inventor Howard Hughes. Dentro deles, uma reprodução da mansão de Tony Stark - exatamente igual ao design dos quadrinhos bolado pelo desenhista Bob Layton nos anos 80 -; a caverna afegã onde ele é mantido cativo ao lado do cientista Yin Sen (Shaun Toub, de Crash e O Caçador de Pipas), que o ajuda a construir sua primeira armadura usando sucata; e sua oficina, em que carros esporte dividem espaço com computadores guiados por uma inteligência artificial. "O mordomo de Stark nos quadrinhos é Jarvis", continua Favreau. "Aqui, Jarvis é o nome da inteligência artificial que controla a mansão e constrói os upgrades da armadura."Tony Stark, no entanto, não é o único fanático por ciência e tecnologia no set. "Cara, eu aceitei o papel para voar num F-22", brinca Terrence Howard, aqui como o militar James Rhodes, melhor amigo de Stark e sua ligação com o exército. "Eu já conhecia o personagem, mas estou olhando para o futuro. Afinal, quem lê os quadrinhos sabe que a evolução da saga do Homem de Ferro abre espaço para outro heroi, o Máquina de Guerra, que usa uma armadura mais hardcore. E quem é o Máquina de Guerra? James Rhodes!" Nos vinte minutos seguintes, Howard, que foi indicado ao Oscar por sua performance em Ritmo de Um Sonho, discorre sobre como a tecnologia mostrada no filme não está assim tão distante da realidade, e como ele adora fazer parte desses dois mundos. "Eu estou aqui nessa fantasia e, minutos depois, leio um artigo numa revista de ciências validando as idéias que Stan Lee teve há quatro décadas. É de virar a cabeça."Num galpão adjacente, a equipe de Jon Favreau prepara mais uma cena. É o telhado de um edifício, e o Homem de Ferro prepara-se para enfrentar o Monge de Ferro - na verdade, Obadiah Stane (Jeff Bridges), seu ex-sócio que, ao perceber que Stark não vai mais construir armas para o exército, abrindo mão de uma fortuna, consegue os blueprints do traje que ele construiu no Afeganistão e decide enfrentá-lo em seu próprio jogo. "Eu sei o que o principal inimigo do Homem de Ferro é o Mandarim", explica Favreau. "Mas eu queria meu filme mais realista, e o Mandarim é fruto de magia, não de tecnologia. Sem falar que o Monge de Ferro é gigante, um desafio mais bacana para Tony." Isso quer dizer que o Mandarim não está no filme? "É você quem está dizendo", termina com um sorriso misterioso.No set armado para o combate, uma armadura do Homem de Ferro está no chão, esperando seu "piloto" chegar. "O traje não é de borracha como o do Batman, tinha de parecer metal, então você pode imaginar as conseqüências", raciocina Downey. "Eu e os dublês, Oakley Lehman, Mike Justus e um cara no final que era melhor que todos nós (n. do e.: no caso, Daniel Stevens), estávamos sempre tomando conta um do outro." Apesar de ser o protagonista da aventura, o ator só chegou a usar o traje completo em "uma ou duas ocasiões", como coloca. "Minha cabeça é de um tamanho médio. Mas eu não era o mais alto. Meus braços são mais longos - o que fazia com que fosse mais fácil para quem tinha braços mais curtos. Mas o capacete deixava um dos dublês com dores, já que ele era cabeçudo. Em outro, havia espaço de sobra no capacete, mas as botas eram pequenas demais. A armadura foi feita para servir a várias pessoas diferentes, não uma só, e a gente não podia fazer um monte de coisas quanto o vestia. Se fosse só eu, não poderia tomar nenhuma cerveja."
MARK III: DE VOLTA PARA O FUTUROHomem de Ferro traz algumas respostas para o futuro da Marvel no cinema - mesmo que a mair parte do público permanecerá alheia a isso. "A verdade é que o filme sera bastante parecido com outras produções da Marvel para o espectador médio", ressalta Kevin Feige. "Mas os fãs vão notar um cuidado maior em criar um canvas maior, no desenho de um novo universo." O misterioso elo de ligação, e centro dos boatos desde que as filmagens começaram, é Nick Fury, diretor da agência governamental secreta SHIELD (e protagonista de um telefilme de 1998 com David Hasselhoff), que une os herois mais poderosos do planeta na equipe Vingadores - isso na versão "Ultimate" do grupo, publicada no Brasil no gibi Homem-Aranha Millenium. Nesta versão, que atualiza para o novo século todas as criações de Stan Lee, Fury, um soldado caucasiano veterano da Segunda Guerra Mundial, ganhou literalmente as feições de Samuel L. Jackson. Por sua vez, o astro confirmou "por acidente" em diversas entrevistas que filmou uma cena em Homem de Ferro."O que eu posso adiantar é que muitos dos boatos são verdadeiros, outros não", esquiva-se Feige. "Mas o fato é que, com essa cultura de Internet, com spoilers e roteiros vazados, tivemos de aprender novas regras para divulgar nossos filmes. E não podemos ficar sem surpresas antes da estréia." O que não é segredo é o grande plano para fazer de Vingadores um filme. O Incrível Hulk, que estréia em junho e conta com Robert Downey Jr. no papel de Tony Stark em uma cena, faz parte desse grande plano. Capitão América e Thor, que chegam aos cinemas nos próximos anos, fazem parte dessa progressão. "Cada filme será uma aventura contida, mas quem prestar atenção vai perceber que eles são capítulos levando a Vingadores", confirma Feige. "Logo após a estréia de Homem de Ferro, e antes de O Incrível Hulk, quando alguns segredos saírem da gaveta, vamos anunciar os planos para o futuro."Robert Downey Jr., por sua vez, mal pode esperar. "Como o primeiro filme é a origem, tem de ser, muitas coisas ficam de fora", explica. "Todo mundo foi muito cuidadoso para acertar o tom, para garantir a realização de todos os planos." Um grande passo foi dado justamente na Comic-Con do ano passado, quando Favreau apresentou seu elenco e mostrou, pela primeira vez, alguns minutos do filme - o bastante para que Homem de Ferro fosse consagrado o grande "vitorioso" da convenção. "As reacões desse público são muito importantes, o que um Geek Penis 9 coloca online é importante, esses caram dominam o planeta", conclui o astro, que com Homem de Ferro pode experimentar em sua carreira o mesmo efeito de Piratas do Caribe para a de Johnny Depp. "Os aplausos depois da exibição do trailer nos deu a certeza de que estamos fazendo a coisa certa. E você devia ver a cara de alívio de Jon! Para ele, foi ali que Homem de Ferro ganhou o jogo."

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RAÍZES

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Bonecas de barro,são vendidas no mercado modelo,cidade baixa.custam em media R$:8,00

RAÍZES II

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BONECAS DE BARRO

GORDINHAS DA ONDINA

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"Entitulado como As Meninas do Brasil, o monumento é um trabalho da artista baiana Eliana Kertész. Expostas na Ademar de Barros desde dezembro de 2004, as meninas são uma homenagem às raças negra, branca e índia, que deram origem ao povo brasileiro. Elas foram batizadas com os nomes de Damiana, Mariana e Catarina e feitas em bronze, cada uma com cerca de três metros de altura."

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